(Imuno)deficiência humana.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
- Pedro, eu tenho HIV.
Seus olhos perderam o brilho e se transformaram em poços profundos de escuridão. Dei-lhe o silêncio para poder digerir a verdade. Quando voltou a si, Pedro me abraçou durante um longo tempo; segurou minha mão e assim fomos até a minha casa. Na despedida, seus lábios secos foram de encontro à minha bochecha. Uma lágrima quente escorreu de meus olhos.
Naquele momento eu soube que nunca mais voltaria a vê-lo.

Minha vida sem Helena

sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Era estranho entrar em casa e não ter mais Helena me esperando com um sorriso enfeitando a sua face e com milhões de beijos para serem distribuidos à mim. Ela não mais me pertence, não mais pertence a essa casa, com a qual sempre sonhamos, e muito menos a esse mundo, o mundo que juramos conhecer juntos.
Ela não esta mais aqui.
E mesmo que eu teime em não acreditar nisso, o meu orgão pulsante sabe a verdade e pulsa cada  vez mais lentamente toda vez que tal verdade vem a tona.
Ela não está mais aqui.
E toda a sanidade que ainda restara em meu corpo foi embora junto com ela.
Ela não está mais aqui, e eu também não deveria estar.

Era, não é mais.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Sentada  ao pé de uma amendoeira, uma sopro quente toca meu rosto e me faz lembrar você.
Recordo das noites de frio em que você me esquentava com seu corpo sempre fervente, de como você me beijava calorosamente sempre que chegava em casa e de como você me abraçava, só para mostrar o quanto eu era sua.
Tempos bons e que não voltarão mais. Confesso que durante muito tempo eu senti falta do seu toque, mas que agora já não me são mais necessário.
O vento então muda de direção e eu volto ao mundo que muitos chamam de "real". Me dou conta do homem que ali está deitado em meu colo, o homem a quem amo, e faço com que os pensamentos que a pouco rondavam minha mente, sumam. Meu doce enfermo. Sem ele eu morro e sem mim ele não existe.